27 de jul. de 2009

"A guerra de todos contra todos"

"Imagine-se num outro mundo. Desde pequeno, você foi ensinado que deve se comportar. Que deve respeitar os outros, seguir as leis e buscar a bondade de alma. Se fizer algo de errado, seu coração ficará maculado. Quanto mais a maldade marcar suas ações, mais negro e pesado se tornará seu coração.

Então, quando você morrer, a deusa da justiça irá pesar seu coração na balança contra uma pena, a pena da lei espiritual. Se seu coração estiver marcado de maldade, ele descerá e a pena subirá. Vocé é mandado a destruição. Uma besta inominável devorará sua alma dolorosamente. Destruição.

Chocante? Sim, essa é a intenção. No egito antigo, assim como em todas as culturas, figuras que personificam a justiça foram criadas para estabelecer, na terra, um código moral e espiritual para impor ordem e convivência pacífica entre os indivíduos da sociedade. Dentre as ferramentas principais, o medo da punição ou, mais dramaticamente, o medo de um sofrimento abominável encontra lugar especial.

Num mundo onde as pessoas podem simplesmente tomar dos outros o que querem, os indivíduos vivem em constante guerra uns com os outros. Os astutos digladiam com os brutos. Morre o ingênuo e sobrevive o egoista, que reconhece a necessidade do ataque antecipado. A vida é acre e ingrata.

Eis que um grupo de pessoas se une. Elas nunca confiarão umas nas outras, pois sabem que no primeiro momento de invigilância serão traidas. Por isso propoem um pacto: todas abdicam, ao mesmo tempo, de suas forças, para criarem uma entidade vingadora que lutará com a capacidade de todos juntos. De Leviatã chamada será. Ela velará pela segurança do grupo, tornando-o superior aos outros selvagens por meio da multiplicaçãs de suas forças. Protege-los-a, tambem, deles proprios. Nenhum do grupo ousara nada contra o próximo por medo de retribuição da entidade.

Então, assim como a besta espiritual que devora as almas dos injustos, o Leviatã destruirá os ímpios quem caminha sobre a terra e todos que se oporem aos compactuados. Agora, com uma pequena medida de sossego conquistada, cada um poderá dedicar seus esforços para tornar a vida menos difícil. Quem sabe até mais colorida."


Em 1651 um filhote de cruz-credo chamado Thomas Hobbes contou essa historieta aos seus companheiros e pouco tempo depois foi consolidada uma entidade chamada Estado, formada pela união da força de todos os cidadãos e que os protegerá deles mesmos e de ameaças de outros paises.

No livro tinha um desenho de um rei, com a espada na mão direita simbolizando o direito de usar a força contra quem ousasse quebrar o contrato social, com o cetro na mão esquerda significando a legitimação do governo perante os acordados e o corpo formado pela combinação das capacidades individuais dos cidadãos (é um monte de hominho, igual um enxame formando um monstro em desenho animado u.u'). Não sei que artista o Hobbinho contratou pra ilustrar o seu livro, mas ele transmitiu bem a ideia do futebolista político.

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